Adeus Alfredo

Faleceu ontem o Alfredo Saramago.

Penso que toda a gente se lembra do homem que nos entrava pela casa adentro em programas de televisão que tivessem ligados aos prazeres da vida, que ele viveu como ninguém.

Estudioso da gastronomia nacional, Alfredo Saramago escreveu diversos livros relacionados com o tema, legados preciosos que deixa a um país que tem a tendência enervante de se alinhar com toda a estupidez que vem de fora e esquecer as tradições do seu povo.

Lembro-me muito bem dele, confrade como eu da confraria gastronómica do Alentejo, o Alfredo aparecia sempre nas nossas acções, ora fazendo palestras, ora assistindo, apenas, pronto a saborear os repastos que obrigatoriamente se seguem.

Era um grande homem, um grande estudioso e um grande amigo, que deixa saudades a todos.

Lembro-me aqui há uns anos, num congresso de confrarias a que fui com o meu pai na ilha terceira, a bela semana que passámos juntos. Com o Alfredo, contrariando um bocado o ritmo do congresso, percorremos toda a ilha petiscando em tabernas e restaurantes, assistindo às touradas à corda nas povoações e absorvendo a vivência da gente dos Açores que era, no fundo, aquilo que lhe agradava.

Tantas homenagens que se fazem por esse país fora, a outros que se dizem portugueses, mas que promovem a união com Espanha, e ninguém nunca se lembrou de homenagear o Alfredo Saramago que defendeu com unhas e dentes o nosso património cultural. Museus ruas e praças, nos últimos tempos neste país é muito raro terem os nomes dos que realmente fizeram alguma coisa por este cantinho.

Até sempre Alfredo, um grande abraço!