Friday, March 30, 2007

A sustentável leveza do dever ser

Como em tudo na vida as coisas nem sempre são como deveriam ser.

Perante a apresentação do tão famigerado abaixo-assinado, ou utilizando a terminologia dos estatutos "...requerimento assinado pelo menos por mil militantes do Partido...", não há qualquer questão a colocar, convoque-se o Congresso do Partido e, quem não concorda com a ordem de trabalhos proposta, ou convocada, vota contra nesse mesmo congresso. Nada mais simples e cristalino.

No fundo, o ponto em discussão assemelha-se à velha dicotomia do ovo e da galinha. Quem tem mais legitimidade, o conselho nacional eleito pelo congresso ou o congresso convocado pelos militantes? Porque os cerca de 146 conselheiros que votaram as directas, foram eleitos precisamente pelo Congresso do Partido. Congresso esse que agora querem evitar a todo o custo.

Porque é que os conselheiros eleitos em congresso não hão-de querer que a vontade do partido volte ao mesmo congresso que os elegeu?

Num momento tão delicado da História do partido, que se confunde com a história da democracia, qual o melhor local para se discutir ideias? Qual o melhor local para se definir os apoios ao CDS ou ao PP.

Não vale a pena tapar o sol com a peneira, há definitivamente no partido duas facções. Não digo facções com um sentido depreciativo, não é mau haver opiniões diversas, isso é que é a democracia, a coabitação de ideias. Quando o PS ganha não há um golpe de estado... quando o CDS foi governo, o BE não andou a fazer guerrilha....

Mas o melhor local para definir as ideias vigentes e escolher qual delas deve ser sujeita a sufrágio nas próximas eleições de 2009 é o congresso. O Partido discute-se dentro de portas, não é na TV, nem em entrevistas à Judite de Sousa. Os congressos do CDS sempre foram fartos em discussão, houve reviravoltas, houve confirmações, mas houve e sempre haverá discussão salutar de opiniões, sejam elas liberalismo, democracia-cristã ou até social-democracia.

A meu ver, havendo já dois partidos neo-liberais que coabitam o centro da política portuguesa, sem qualquer distinção visível entre eles, o CDS deve afastar-se dessa área e fazer um regresso ao passado, sob pena de deixar um nicho de eleitores sem se rever em qualquer partido (com a agravante de terem de recorrer ao PND ou até ao PNR).

Não tenho a aspiração de por todo o Portugal a pensar como eu, nem vou mudar a minha maneira de pensar para votarem em mim. Eu acho que o CDS deve ser uma caixa de ressonância nos órgãos próprios da nação das pessoas que partilham uma visão comum, mas bem definida, do que deve ser o país.

Ou seja, o objectivo deve passar por convencer as pessoas a pensar como nós, e não, deixar que as pessoas mudem a nossa maneira pensar (não abdicando de consultar o país real e de sentir as necessidades vigentes). Por isso é que não me choca que a votação do CDS se altere conforme os ciclos económico-políticos. Esta situação é normal, na velhinha Inglaterra e nos novos E.U.A existe a chamada alternância entre os dois maiores partidos sem que haja golpes de estado. Se tudo se passa com normalidade em toda a parte do mundo, porque é que no CDS-PP não se pode passar com a mesma normalidade e simplicidade?

Mas esta é a minha opinião, e como sei que dentro do nosso partido há pessoas que não se revêem nestas palavras, é que considero que uma discussão séria de ideias é a melhor forma de elegermos a direcção do CDS nos próximos dois anos, até 2009.

Sem complicações, sem discussões, sem o peso da discórdia que houve no último CN.

1 comment:

Anonymous said...

necessario verificar:)