Friday, August 22, 2008
O nosso lugar
Todos aqueles que andaram a pregar nos últimos 18 anos (o pós guerra-fria) contra o maléfico império norte-americano e o seu comandante-em-chefe George W. Bush, mais recentemente, devem neste momento estar a rever as suas posições e inquietos com o futuro, como aliás deveremos estar todos. Afinal a história não acabava aqui, como nos tentou enganar Fukoyama. Não vamos já com toda a certeza ter o futuro que pensávamos, em que a nossa vida se resumia a ter uma vida tranquila na nossa Europa ocidental, com o nosso estilo de vida pacífico e universalista.
A Rússia poderosa e brutal regressou e a pequena república da Geórgia pagou a primeira factura. Vai a breve prazo perder um terço do seu território perante a impotência do ocidente. O método usado pela Rússia é tão mais perverso quanto terem estado a subverter populações e promover insurreições por um punhado do dólares. Como refere Peter Baker na edição de hoje do New York Times a Rússia tem fornecido passaportes em massa a cidadãos georgianos e russodescendentes residentes na Ossétia do Sul. A mesma estratégia exactamente que já está a ser posta em prática na estrategicamente decisiva Crimeia, o que significa que a Ucrânia é a senhora que se segue e depois o Azerbeijão.
Que têm em comum estas ex-repúblicas? Os melhores recursos energéticos e/ou a melhores via de acesso e canais de comunicação com tais recursos. Se é verdade que a Rússia andou a ser humilhada durante os anos 90 do século passado com medo que o FMI lhes fechasse a torneira e deixasse o povo russo na miséria como sucedeu tantas vezes na história, também é verdade que hoje os dados mudaram. O valor dos recursos energéticos é hoje decisivo e quem os tem é a Rússia. É o maior país do mundo, tem uma ambição desmedida e um bolso de recursos sem fundo.
Mas as ameaças ao ocidente e à liberdade não se ficam por aqui. Parece que não demorará muito até o Irão dar a mãozinha à Rússia arrastando para a mesma causa a grande maioria dos países islâmicos dos petrodólares que destilam ódio contra o ocidente e, claro, a Venezuela.
Como cereja em cima do bolo não nos esqueçamos da olimpíada hitleriana à chinesa a que estamos presentemente a assistir. A China tal como os países supra referidos também tem bolsos sem fundo e um assento no Conselho de Segurança a partir do qual entre outras coisas tem permitido os massacres do Darfur por conivência com o regime sudanês que lhe fornece os recursos que necessita. Aliás toda a África de Cabo Verde a Madagáscar está neste momento claramente delimitada como zona de influência chinesa. Nada se constrói ou realiza neste momento sem dinheiro chinês no continente negro e os pequenos ditadores africanos assumidos ou encapuzados andam todos contentes, sem pensar nos empréstimos usurários que os seus netos vão ter que pagar à China dentro de algumas décadas.
Perante isto... e nós? Portugueses, europeus, ocidentais. Que nos resta perante tais ameaças senão a aliança atlântica? Quanto tempo mais vamos ter idiotas a pregar contra a América que providencia a nossa segurança em relação ao mediterrâneo e ao médio oriente? Havia até partidos e organizações que defendiam um Portugal fora da NATO. Essa NATO a que todas as frágeis ex-repúblicas de leste se querem hoje agarrar como tábua de salvação para a sua (quem sabe efémera) existência. Ao que parece conceitos como o Eixo do Mal, tão criticado em 2001, começam agora a fazer sentido. Enquanto nós (União Europeia) andamos preocupados em investir os nossos recursos em parques eólicos e centrais solares que vão dar energia a meia dúzia de aldeias os outros blocos andam em pré-guerra pelos únicos recursos naturais que realmente interessam. Petróleo e Gás. Tudo o resto são delírios.
É hora de a Europa se assumir como a potência que foi um dia. Durão Barroso tinha razão nas vésperas da (então secreta) cimeira dos Açores quando os jornalistas lhe perguntaram qual seria a posição perante uma iminente invasão do Iraque. Barroso não disse que apoiava ou que era contra. Respondeu simplesmente: “Portugal sabe muito bem ao lado quem é que está na cena internacional e quem são os seus aliados”.
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7 comments:
Interessante o post. Todavia, seria importante saber de facto quanto vale a ecomia russa presentemente? Qual é o seu crescimento? Se é verdade que tem recursos energéticos, mas, para além do gás natural, será que dispõe de petróleo suficiente para exportar ou é apenas auto-suficiente? Depois, seria também relevante saber se a industria russa está a renovar-se ou se é apenas uma indústria obsoleta e sem grande nível de produtividade. Em síntese, será que a rússia não é actualmente (ainda) um gigante com pés de barro? Ficam as dúvidas...
Dois dados apenas. Pode comprovar aqui que a Rússia é o segundo maior exportador de petróleo. Também o seu segundo maior produtor. http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Chart-of-Oil-Trading-Nation.gif
Fortunas como a do Sr. Abramovich provêm desse negócio.
Quanto à indústria pelo que tenho lido recentemente a economia russa, para além de ter um mercado gigantesco só dentro de fronteiras tem apostado com algum sucesso na reconversão e redistribuição de muito do capital industrial e de serviços que estavam nas mãos do Estado desde os tempor da URSS.
Artigo bastante interessante e temo que o meu amigo tenha razão!
bastante interessante remexido, é bom ler qq coisa neste blogue que não seja bola, e, tal como o juiz tambem acho que tem alguma razão.
Está negro o futuro, e nao vai ser na geraçao dos nossos filhos, vai ser daqui a meia duzia de anos.
Até que enfim que a malta voltou e começou a escrever outra vez qualquer coisa de jeito. Ainda por cima com uma reentre pacifica entre o Juíz Implacável e o Remexido...
Podem dizer o que quizerem mas para mim estes dois continuam a dar vida a este moribundo blog. Sem o remex e o court man este blog estava em coma
Podem dizer o que quizerem mas para mim estes dois continuam a dar vida a este moribundo blog. Sem o remex e o court man este blog estava em coma
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