"Ai, Portugal, Portugal / De que é que tu estás à espera? / Tens um pé numa galera / E outro no fundo do mar"
"Ai, Portugal, Portugal / Enquanto ficares à espera / Ninguém te pode ajudar"
O país anda a ferro e fogo. São os relatórios da SEDES a demonstrar o mal estar instalado, são as declarações de alguns militares mais esclarecidos que denotam alguma instabilidade e põem em causa a politicocracia, são manifs de milhares de professores, a gritar palavras de ordem contra uma avaliação que existe já todos os dias nas empresas, enfim...
Nunca gostei do tradicional sentimento pessimista que grassa na nossa identidade nacional. O provérbio da "galinha da vizinha" é quase um lema nacional, está sempre tudo mal... os espanhóis é que são bons, isto assim não vai lá, mudam as moscas mas a merda é a mesma... no fundo, ditames de sabedoria popular que populam de boca em boca, de café em café e que acabam sempre na mesma conclusão: É PRECISO FAZER ALGUMA COISA!
Conclusão essa que tem sempre um sussuro de seguida: é preciso alguém que o faça... e que esse alguém não seja eu...
Nós temos dos melhores países do mundo para se viver, senão vejamos:
Não temos catástrofes naturais (temos uma cheia de 50 em 50 anos e meia dúzia de fogos no Verão). O nosso clima é do mais amenos que existe.
Não temos cisões nacionais. Toda a gente gosta de ir ao Norte comer Lampreia, gosta de ir passar férias ao Algarve e ao Alentejo, e em cerca de 6 horas conseguimos atravessar o país de lés a lés.
Não temos problemas grandes problemas de segurança. É verdade, agora está na moda aparecerem na televisão os grandes casos de violência urbana, no entanto temos de confessar que em França essa violência colocou Paris em estado de sítio durante umas semanas, no E.U.A há ghetos em que pura e simplesmente não se consegue entrar, já para não falar em Itália em que a Máfia já nem é notícia de abertura dos telejornais.
Não temos o papão do séc. XXI, em Portugal não há terrorismo! Tivemos um grupo de palhaços que se intitulavam de terroristas, mas que a única causa era assaltar bancos.
O nosso grande problema, o nosso desastre natural, os nossos terroristas, é a nossa indiferença. Aquilo que faz o nosso país desesperar (e algumas das nossas empresas facturar) é a nossa fantástica capacidade para (i) dizer mal, e (ii) nada fazer.
Ou é porque os políticos são corruptos. Ou é porque já não vale a pena. Ou é porque neste sistema não vamos lá. Ou, simplesmente, porque tenho mais do que fazer e no meu terceiro ano concorri a delegado de turma (ou presidente da JuventudePPSDSC), dando assim a minha abastada contribuição para a sociedade.
Nós talvez não sejamos assim tão bons como os restantes países, mas será que eles são assim tão melhores que nós? Será que não há nada que possamos fazer para tentar almejar ser melhores?
Para os nossos amigos que andam aqui a comentar e que, regra geral, apenas gostam de dizer mal de tudo, o que é que vocês acham? respondam-me, por favor a estas perguntas:
- O que é que está mal?
- Como é que é possível mudar?
- O que é que estão à espera?
Abraço!