Anda para aí um vírus bem mais perigoso que o H5N1. Um vírus mortal para qualquer conversa. O incansável desejo por novidades.
Haverá coisa mais bloqueadora de conversas do que chegar perto de uma pessoa e perguntar “Então e novidades?” Normalmente este movimento é defensivo e pode ter origem em um de dois factores. Ou não se tem nada para dizer ou não se quer revelar nada.
Desconfiem quando alguém vos pergunta por novidades. A tradução dessa pergunta é “olha não estou com a mínima pachorra para iniciar uma conversa contigo, por isso se não te importas despeja-me um camião de cuscovilhices e informações que eu ainda não saiba para depois seguir com o meu caminho”. É muito pior que falar sobre como está o tempo, porque este último não tem a perversidade requintada de sacar informações.
O que é que se responde a novidades? Nada. O nosso cérebro começa dar voltas e mais voltas porque a pressão é imensa e imediata. Exige uma resposta em poucos segundos e o resultado é igualmente mau. O resultado normalmente resume-se a “nada de novo”, ou “tudo na mesma como a lesma” ou o preferido pelos mais idosos “está tudo velho”.
Quantas coisas interessantes ficam por dizer porque perdidas num mar de pressão de articular qualquer pensamento que tenha interesse para o outro...
Confesso que já fiz a experiência de perguntar por novidades (com fins meramente científicos, é claro) e ter obtido uma das resposta anteriores. A verdade é que depois de bem espremidas as pessoas têm muito mais para dizer do que diriam se reprimidas por um violento “Então e novidades?”
O vírus tem-se requintado e já consegue bloquear uma conversa interessante a meio. Isto leva-nos a outra fórmula. Imagine-se uma conversa interessante ou mesmo que uma pessoa está a contar uma viagem que fez ou a descrever qualquer outra coisa e chega o bloqueador preferido do meio de conversa. O único e inimitável “Então e mais coisas?” Quanto a mim o “Então e mais coisas?” é muito mais frustrante porque traduzido à letra significa exactamente – “Oh pá! Que grande seca de conversa que me estás a dar, vá lá a ver se dizes alguma coisa de interessante”. Coisa esta que se tornará inevitavelmente impossível, dizer algo que interesse, depois de tal soco no estômago.
É por isso que se não tiver nada melhor para dizer, o melhor mesmo é falar do tempo, que cada vez está melhor...
Monday, April 14, 2008
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