Friday, November 2, 2007

Os dísticos da discórdia!


O Ministério da Administração Interna, no âmbito do projecto "risco zero", resolveu (ou está em vias de) catalogar os condutores, de acordo com o perigo que cada um representa.
Para esse efeito os carros, de acordo com o maior ou menor perigo do condutor, passarão a envergar um dístico verde, vermelho ou amarelo, "...para que todos os condutores saibam que tipo de automobilista conduz o carro ao lado...".
A ideia tem causado várias reacções, da parte de diversas pessoas, sendo que o presidente da associação mais útil do país, a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados , já considerou mesmo que "...este tipo de catalogação é inadmissível num Estado de direito...". Há até quem compare esta acção às estrelas que os Judeus tinham de usar na Alemanha Nazi.
Pois bem, a mim não me choca este dístico, ou selo do carro ou coisa que o valha. As nossas estradas, auto-estradas, praças ou até becos sem saída, são invariavelmente palco de autênticos assassinos sem rosto. O grande problema é que a maioria das pessoas não tem essa noção, a maioria das pessoas, desde o mais perigoso criminoso até à mais inocente avózinha, transfigura-se atrás de um volante. O português, geneticamente, é um autêntico criminoso quando está a conduzir, e todas as medidas políticas tomadas não têm, até ao momento, conseguido barrar o ímpeto destruidor dos nossos condutores.
Se este selo/dístico vier acrescentar alguma coisa à prevenção rodoviária, julgo que já será benéfico.
Ainda hoje de manhã vinha de táxi e o meu motorista tinha presenciado, in loco, o acidente da praça do comércio. Disse-me ele, que a pessoa que ia ao volante já tinha passado diversos vermelhos e que, naquele sinal, apenas parou porque, ao melhor estilo do bowling, levou meia dúzia deles à frente. Não estou a recriminar a pessoa que ia a conduzir, não sei que tipo de pessoa era, e o facto de ter morto duas mulheres, mãe e filha, vai ser suficiente para lhe arruinar a vida (coisa que sinceramente não desejo a ninguém). Mas não dúvido que este condutor seria uma pessoa normal, não era um criminoso, seria apenas um dos 90% de portugueses que, quando entram no carro, encarnam o seu "lado lunar" e se transformam em maníacos do volante.
Assim, eu sinceramente não me importo de andar com mais um selo no vidro da frente, mesmo que seja de vermelho (condutor perigoso), se isso conseguir evitar que coisas destas continuem a acontecer no nosso país.

4 comments:

António de Almeida said...

-A discussão assenta em permissas erradas. Desde logo existe tendência para uniformizar sinais em toda a U.E., pelo que tal medida não passa dum pensamento original, por parte duma empresa que realizou um estudo, provavelmente já patenteou a ideia, pretendendo agora vender uns disticos. -Em 2º lugar, identificar o carro? Existem viaturas de serviço com inúmeros condutores. Existem carros de família, com mais do que um condutor. Para já não falar, do empréstimo ser legal. Por fim, está-se mesmo a ver, que ao ver um dístico, sem saber quem está ao volante, outros condutores sentir-se-iam tentados, a não facilitar, quando não mesmo dificultar, manobras nas estradas, aumentando os problemas. -Querem uma medida eficaz? Publicar na internet uma lista, foto incluida, dos maus condutores. Talvez seja mais dissuasor.

Tiago Pestana de Vasconcelos said...

Confesso que não liguei mesmo nada à parte prática da ideia. Liguei sim às vozes que se levantaram contra a "descriminação" que se iria gerar a ideia dos dísticos, contra a "violação do Estado de Direito", e outras enormidades que tal...

A condução em Portugal é perigosa... não me preocupam os gajos que se espetam sozinhos e sofrem as consequências, preocupam-me as pessoas que vão a passar na passadeira com um sinal verde e levam com um carro em cima.

Sinceramente acho que o Estado de Direito passa por isso mesmo, legislar, se necessário restringir alguns direitos, em nome de outros superiores...

Se fazem o dístico à frente ou atrás, no carro da empresa ou do pai, etc. confesso que será uma tema díficil e a estudar.

Agora, por princípio, recusar esta ideia com base no "Estado de Direito"???!?!?? Onde é que já chegamos....

Anonymous said...

Deixem-se de catalogações,qualquer dia andamos todos de distico no peito ou nas costas, eu sou ladrão, eu sou homosexual, eu tenho sida eu sou de esquerda, eu sou de direita etc etc...
Todos sabemos que isto assim está mal, mas esta não será a melhor forma de alterar as coisas.
Nada de alarmismo como diz o antónio almeida isto é tudo uma questão de dinheiro.

AEP said...

Volta Adolf!Estás perdoado!

Acho também que deveriam criar dísticos para políticos corruptos com "base" nas fortunas amealhadas enquanto "servidores públicos", para as mulheres adúlteras (só mulheres.Discriminação positiva.porque sim.), funcionários públicos e mebros da "ala liberal do CDS/PP".