Friday, July 18, 2008

A coerência acima de tudo..

EM 23 de JUNHO DE 2008:

"Não vou falar do PSD. Só falarei quando entender ser oportuno e nunca antes de Outubro de 2009", afirmou Menezes, em declarações aos jornalistas em Gaia"

EM 18 DE JULHO DE 2008 (menos de um mês volvido):

"a nova líder do PSD não era uma mais-valia para o partido na situação político-social em curso"

"está provado que não é a mudança de "chefe", por mais que um substituto seja levado ao colo pelos interesses instalados e pela intelligentsia que parasita o statu quo, que resolve as entorses estruturais do PSD"

"Não tenho dúvidas de que éramos mais representativos, intelectualmente mais sólidos, culturalmente mais bem preparados, politicamente mais experientes, ideologicamente mais esclarecidos, mais carismáticos e melhores comunicadores"

"Saímos porque quisemos, quando quisemos"

"é preciso que o partido se modernize e se repense ideologicamente. Isso só será possível se o caminho que a minha direcção estava a trilhar possa ser retomado"

É bom verificar que LFM mantém a coerência da sua actuação enquanto líder do PSD. Durante o seu mandato habituámo-nos a estes laivos de repentinismo, a estas declarações oportunas, a estas acusações em todas as direcções... Enfim, no fundo habituámo-nos ao Menezismo.

Agora, cerca de três meses após a sua substituição, eis que aparece Menezes a caracterizar, e bem, aquilo que foi o seu mandato.

Menezes dispara em todas as direcções, chama incompetentes ao novos orgãos, dizendo que eles eram melhores...

Compara-se a anteriores lideres como Sousa Franco, Rui Machete, etc, dizendo que é normal o PSD tragar líderes com sofreguidão...

Mas o que mais impressiona nesta entrevista de Menezes é a constante utilização do plural, NÓS somo melhores e ELES não prestam... Estes termos, para mim, têm dois significados distintos:

O primeiro é que Menezes quer avisar os "NÓS" de antigamente (aqueles que pertenceram à sua direcção e que agora estão a fazer a catarse e a transição para o novo estado de coisas) que não se esqueçam que pertenceram ao Menezismo.

O segundo é que há muito gente no PSD que quer transformar o partido num pequeno E.U.A., quase que a lembrar aquelas pessoas que dizem que há duas américas, a democrata e a republicana. Descontente com o aparecimento da terceira via de Passos Coelho no último congresso, que confundiu um bocado as águas e atirou o que sobrava do menezismo para um honroso terceiro lugar, Menezes dá aqui o último fôlego para bipolarizar o partido e começar a criar desde já uma oposição para o pós-2009...

Será que alguém no PSD (para além do inenarrável Ribau) vai morder o isco?

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