Wednesday, July 18, 2007

O CDS e o futuro I – As Causas

No passado Domingo, o CDS teve o pior resultado de sempre para a CML. Neste momento impõe-se, não uma reacção a quente e disparatada, atirando para todo o lado, mas sim uma avaliação das CAUSAS, das CONSEQUÊNCIAS e das SOLUÇÕES do problema.

As CAUSAS, a meu ver, são essencialmente duas.

Em primeiro lugar a escolha do candidato. Não quero com isto dizer que Telmo Correia seja um mau candidato de per se, no entanto, no momento em que o partido aparecia com as sondagens mais miseráveis de sempre... num momento que o partido está, talvez, com a imagem mais negativa perante a opinião pública da sua história... e num momento em que havia uma visível pulverização de votos por 12 candidaturas, a única coisa que se impunha seria a mais forte candidatura exequível. Na impossibilidade de voltar a ter Maria José Nogueira Pinto, por motivos que neste momento, pura e simplesmente, não interessam, a candidatura do Presidente do partido era, não só lógica, como inevitável. Atente-se ainda que, desta vez, não havia a pressão do voto útil que MJNP e até Paulo Portas sofreram nas últimas duas eleições para a CML, por isso a mais forte candidatura possível poderia, até, beneficiar deste ponto. Não avançou... É PENA!

A segunda causa, na minha opinião, passa pela linha ideológica que começou a ser seguida pela actual direcção e que pode levar a que este resultado se repita em futuras eleições. Então temos uma maioria absolutíssima de esquerda em todo o lado, temos 12 candidaturas, das quais as mais relevantes são de esquerda, e a linha de orientação do partido, vai tentar imiscuir-se precisamente nesse grande bolo do CENTRO. O CDS não é um partido igual ao outros, apesar dos megalomanias actuais, o CDS não é um grande partido do centro, tem uma história marcada desde a sua fundação que o caracteriza. Claro que deve haver uma aspiração a crescer, sempre, mas não à custa da linha do partido, não entrando no espaço dos outros, mas sim tentando fazer com que as pessoas entrem no nosso espaço e partilhem dos nossos ideais. O que sucedeu, e uma das causas principais do desaire eleitoral de Domingo, é as pessoas não se reverem neste pensamento. Ou melhor, não duvido que haja muita gente que se reveja nesta pensamento, aliás, 75% do partido, pelos vistos, é a favor, o grande problema é que os votantes do CDS estão longe de ser os seus militantes (senão, aí sim, seria o fim). Os votantes do CDS olham para estas novas ideias e esta nova maneira de estar, encolhem os ombros e sentem-se órfãos de soluções. Se quisessem pensar/votar nessas ideias, votavam PSD, ou até mesmo PS, uma vez que existe lá muita gente que também pensa assim (por exemplo António Costa). O voto útil no CDS tem de ser o voto no partido que é, não só melhor do que os outros, mas diferente dos outros. O CDS tem de ser o representante das pessoas que apostam na sua matriz democrata-cristã nos órgãos próprios, não se pode limitar a ser apenas mais um da grande família do centro que corre ao sabor das modas do momento (sejam elas o ambiente ou o casamento dos homossexuais). A aspiração a ser algo que não somos, não só nos descaracteriza politicamente e nos dilui no grande mar do voto do centrão, como deixa o espaço anteriormente por nós ocupado vazio, e as pessoas que nele votam órfãos de soluções e de opções de voto.
(continua)

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