Vítor Baía

"É fácil perceber que ao longo da minha vida, quer social, quer desportiva, me deixei comandar pelos sentimentos, moldando a minha personalidade à medida que fui amadurecendo. Também me tenho guiado pelos ensinamentos que recebi desde criança. Os meus pais foram pessoas que me mostraram os princípios de amizade, da lealdade e da solidariedade. Bastou-me vê-los e ouvi-los. Lembro-me de ter lido, num livro de português que falava de jornalismo, que a maior virtude de um jornalista é saber ouvir. Julgo que esta frase é uma grande verdade e serve não só para os jornalistas, mas para todos nós. Saber ouvir é fundamental.

Considero-me uma pessoa atenta às realidades da vida e sei que a sociedade vive atormentada devido a imensas dificuldades. Os meus pais também as passaram quando eram crianças; felizmente, puderam dar-me uma infância feliz, sem ser abastada, mas na qual aprendi a viver com o essencial.

Devem recordar-se daquela história do Domingos Paciência, que não tinha sapatilhas para jogar. Ele, como muitos colegas da minha infância, passou dificuldades. Hoje recordo com um sorriso o dia em que me estragou aquelas Sanjo acabadas de estrear.
Na altura não achei muita graça e já sabia que ia ser difícil encontrar justificação para dar à minha mãe.
Mas tudo se arranjou.

Este exemplo mostra que convivi de perto com amigos que não tinham as mesmas possibilidades. E isso incomodou-me muitas vezes, pois não podia fazer nada por eles. Podia apenas conviver e estar com esses amigos, olhá-los com o respeito que todo o ser humano merece, fazer de cada brincadeira uma hora de felicidade e não me achar mais importante só porque podia ter umas sapatilhas de melhor qualidade.

A minha carreira desportiva, felizmente, permite-me viver hoje com desafogo, com condições para ter tudo aquilo que necessito. Foi o fruto de muito trabalho, de muitos sacrifícios, mas também a sorte da vida que outros provavelmente não tiveram e também mereciam. Mas nunca deixei de olhar para os problemas e, desde que passei a ter possibilidades, fui procurando ajudar, como fizeram e fazem outros colegas do FC Porto.

Muitos gestos de solidariedade ficam longe das primeiras páginas, porque a intenção pura, a preocupação central, foi sempre dar a ajuda possível, tendo consciência de que também não temos de nos substituir ao Estado. Temos é a obrigação de fazer o possível para aliviar a dor de quem mais sofre."

Vítor Baía In "Vitor Baía - A autobiografia", pág. 125

Aquando da apresentação da Fundação Vítor Baía 99, disse: "Esta foi a minha melhor defesa, o meu melhor jogo, o meu melhor título"

Palmarés
Campeão de Portugal (10): 1989/90, 1991/92, 1992/93, 1994/95, 1995/96, 1998/99, 2002/03, 2003/04, 2005/06 e 2006/07 (F.C. Porto) Taças de Portugal (5): 1990/91, 1993/94, 1999/00, 2002/03 e 2005/06 (F.C. Porto) Supertaças de Portugal (8): 1990/91, 1991/92, 1993/94, 1994/95, 1998/99, 2002/03, 2003/04 e 2005/06 (F.C. Porto) Campeão de Espanha (1): 1997/98 (Barcelona) Taças de Espanha (2): 1996/97 e 1997/98 (Barcelona) Supertaça de Espanha (1): 1997/98 (Barcelona) Taça das Taças (1): 1996/97 (Barcelona) Taça UEFA (1): 2002/03 (F.C. Porto) Liga dos Campeões (1): 2003/04 (F.C. Porto) Taça Intercontinental (1): 2004/05 (F.C. Porto)

Um total de 31 títulos. É o jogador com mais títulos em toda a história mundial do futebol profissional. Pelé e Riijkard são os que se seguem com 25 títulos. É o detentor do 5º melhor registo de imbatibilidade de sempre da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol.

A sua transferência em 1996, do FC Porto para o Barcelona, foi a transferência mais cara até então de um guarda-redes.

Foi o 1º jogador português a atingir as 75 internacionalizações (16 de Agosto de 2000).

Em 2004, obtém o recorde de 1192 minutos sem sofrer golos no Campeonato Nacional. Ano em que foi considerado o melhor guarda-redes da Europa.

Prémios de Carreira
1988/89 - Troféu "Foot-Reuch": Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
1989 - Troféu Jornal "Record": Revelação do Ano
1989 - Dragão de Ouro: Futebolista do Ano
1989 - Futebolista do Ano da CNID
1989/90 - Melhor Jogador Hummel
1989/90 - Prémio Regularidade do Jornal "A Bola"
1990 - Prémio Trevo de Ouro: Adidas
1990 - Melhor Jogador do Torneio Phillips Cup
1990/91 - Troféu "Foot-Reuch": Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
1991 - Futebolista do Ano da CNID
1991 - Prémio Gandula para Melhor Guarda-Redes
1991/92 - Troféu Jornal "Público": Melhor Guarda-Redes do Ano
1991/92 - Troféu Jornal "Público": Melhor Jogador do Ano
1992 - Prémio Gandula para Melhor Guarda-Redes
1992 - Troféu Jornal "Record" - Melhor Guarda-Redes do Ano
1992/93 - Troféu jornal "Público": Melhor Guarda-Redes do Ano
1993 - Melhor Futebolista do Torneio Centenário do FC Porto
1993 - Prémio Gandula para Melhor Guarda-Redes
1993 - Prémio Jornal "Público": Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
1993 - 2ºMelhor Guarda-Redes do Mundo: Jornal L´Equipe
1993/94 – Troféu Jornal "Público": Melhor Guarda-Redes do Ano
1994/95 - Guarda-Redes mais valioso do Campeonato Nacional
1994/95 - Guarda-Redes do Ano da "European Sports Magazine"
1996 - Fase Final do EURO 96
1996 - Troféu Jornal "Record": Melhor Jogador do Ano
1996/97 - Troféu Jornal "A Marca": Melhor Guarda-Redes do Ano
2000 - Fase Final do Euro 2000
2002 - Fase Final do Campeonato do Mundo 2002
2002 - Figura Nacional do Ano na III Gala Nacional do Desporto
2003 - Prémio Carreira na Gala de Desporto em Gaia
2004 - Prémio UEFA "Best Goalkeeper 2003/04": Melhor Guarda-Redes da Europa
2004 - Medalha de Mérito Desportivo
2004/05 - Melhor Guarda-Redes do Campeonato Nacional
2004/05 - Troféu Jornal "Público": Melhor Guarda-Redes do Ano
2004/05 - Troféu Carreira da Superliga / Jornal Notícias

Curiosidade: "José Mourinho dizia-me que só me faltava marcar um golo."

Post de Zirtaev no blog “Portistas de Bancada”.

Retirou-se ontem dos relvados, o melhor guarda-redes Português de todos os tempos.

Um ídolo, um exemplo e um orgulho.
Obrigado Campeão!