Ontem, Hoje e Amanhã

Ontem: Podia-se fumar descansadamente e por prazer enquanto se gozava um bom café depois de almoço
Hoje: Os fumadores são vistos como toxicodependentes e proibidos de entrar em restaurantes e pastelarias
Amanhã: Invocando a protecção da nossa saúde, o fumadores serão alvo de campanhas de solidariedade e forçados a submeter-se a curas de desintoxicação.

Ontem: As pessoas eram presas e postas no calabouço pela PIDE porque tinham ideias políticas opositoras ao regime.
Hoje: Qualquer pessoa está sujeita a ficar detida em prisão preventiva durante anos sem saber sequer porquê e sem culpa formada.
Amanhã: Os ditames da segurança contra o terrorismo vão impor que determinadas pessoas vejam os seus direitos limitados, nomeadamente a liberdade.

Ontem: Podia-se comer e beber tudo menos Coca-Cola que de acordo com as análises efectuadas era boa para limpar ferrugem nos canos.
Hoje: Hoje só se pode comer o que a ASAE e a UE deixarem, isto se for confeccionado como a ASAE e a UE acharem bem.
Amanhã: Os direitos dos animais – direitos humanos de 4ª geração – levarão a que a alimentação do homem moderno e preocupado com a saúde se resuma a injecções, batidos e comprimidos assépticos que forneçam a dose necessária e ideal de nutrição humana.

Ontem: Havia tortura exclusivamente para interrogar inimigos do Estado:
Hoje: A violência e brutalidade policial nas esquadras estão sem controlo e ninguém está a salvo delas.
Amanhã: A autoridade da polícia, sempre ditada por razões de segurança nacional imporá que todos somos suspeitos e devemos estar vigiados, nos blogues ou na vida pública.

Ontem: O valor da vida era indiscutível e era proibido o aborto e eutanásia;
Hoje: Aborta-se por motivos económicos;
Amanhã: O humanismo ditará que só deverá viver quem tiver efectivas condições para viver dignamente.

Ontem: Todos sabiam que existia condicionamento industrial e só um número reduzido de empresas tinha acesso aos grandes negócios:
Hoje: Todos pensam que há concorrência, mas os grandes negócios vão sempre caindo nas mãos de ex-ministros, que são futuros gestores públicos e ministros outra vez.
Amanhã: Toda esta gente será melhor remunerada segundo o ridículo Almeida Santos para atrair os melhores à política, nos intervalos da alta gestão em que estão nos cargos públicos.

Ontem: Homens de Estado significava Sidónio Pais, Inocêncio Galvão Telles, Oliveira Salazar, Marcello Caetano, Francisco Sá Carneiro;
Hoje: Homens de Estado são António Guterres, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, Cunha Rodrigues.
Amanhã: Luís Filipe Menezes, Joe Berardo, Armando Vara e Paulo Pedroso, Fátima Felgueiras.


Saudades ou Nojo do Futuro. Não tenho grandes dúvidas...